Onde é que vai?
A contenção física das pessoas com demência
A contenção física de pessoas com demência, é usada mundialmente por cuidadores bem intencionados:Todos querem manter as pessoas de quem cuidam seguras e com o menor risco de queda possível. Mas é apenas isso -Ter boas intenções.
Os estudos comprovam que a contenção, não só não mantém as pessoas seguras, como aumenta o risco de queda e provoca mal-estar, aumenta a ansiedade e agitação, contribuindo,inclusive, para níveis de burnout mais elevados dos cuidadores.
Deixo-vos um trecho do médico psiquiatra Allen Power para que todos possamos refletir sobre como diminuir ( e até erradicar) o uso da contenção nas nossas instituições:
“Imagine que a pessoa tem necessidade de sair por diversas razões: Porque vai buscar os filhos à escola,porque saiu do trabalho e alguém a espera em casa ou apenas porque precisa de apanhar ar fresco ou não deseja estar naquele sítio o dia inteiro.Que reação têm quando encontram uma porta trancada? ou quando alguém as obriga a sentar-se numa cadeira e os amarra? “Não pode ir ter com os seus filhos,”Não pode ir para casa”é obrigado a estar aqui, mesmo não querendo!”
O desafio está em tentar perceber o porquê do desejo de sair, que necessidade estará a pessoa a expressar?
Numa das muitas observações de bem-estar que fiz em Estruturas Residenciais para a Pessoa Idosa, usando a metodologia DCM (Dementia Care Mapping), uma senhora com demência disse-me :
-” Olha que aqui não nos deixam mexer em nada!”
Passaram-se 5 minutos e ouvi a seguinte frase :”Olhe que vou buscar o lençol!” e assim foi dito e assim foi feito, a tal senhora foi “contida” com um lençol e impedida de se movimentar livremente…..
Nesse momento percebi que ela me estava avisar do perigo que corria, se mexesse em alguma coisa…..
Finalmente….andar é algo de totalmente natural e uma competência essencial a todos nós e às vezes é apenas isso que as pessoas querem fazer: Andar.
A Humanamente