A reflexão sobre as escolhas que fazemos diariamente, enquanto parceiros de cuidados é fundamental.
A reflexão é, segundo Confúncio, o caminho mais nobre para alcançar a sabedoria.
Quantas vezes reflete sobre a forma como se dirigiu a alguém?
Quantas vezes pensa sobre a forma como o seu comportamento pode interferir no bem-estar das pessoas a quem presta cuidados?
Dou formação em todo o país sobre a Abordagem centrada na Pessoa com demência e sobre como aplica-la.
Quando, em conjunto com os formandos, fazemos exercícios de reflexão sobre a prestação de cuidados em Portugal, a resposta é quase sempre a seguinte : ” Eu não posso fazer nada”, “Não há pessoal”…
Estas são respostas de quem se sente sem poder.
De facto, a aplicação da Abordagem centrada na Pessoa com demência numa organização, é um processo de liderança e, claro, depende, em grande parte, das chefias, dos diretores e direção, no entanto, quem está no direto tem opção de escolha!
Eu escolho olhar para a pessoa de quem estou a cuidar ou eu escolho não fazer contacto visual.
Eu escolho pedir licença antes de mexer num objeto pessoal.
Eu escolho mexer nos objetos das pessoas com demência, porque elas já não percebem nada…?
A mudança de paradigma começa em mim:
Começa nas minhas escolhas diárias
Começa naquilo em que acredito:
Eu acredito que as pessoas com demência não percebem, por isso, para quê conversar? Para quê pedir autorização?
Ou
Eu acredito que, apesar dos défices cognitivos, a Pessoa com demência tem o direito de ser tratada como pessoa, por isso:
Eu converso, eu sorrio, eu peço autorização antes de mexer em algo que não é meu ou antes de entrar num quarto que não é o meu.
Mudar o paradigma é, finalmente, colocar o bem-estar e dignidade no topo das prioridades da relação de cuidar.
Criámos os Plano de Bem-estar na esperança de ajudar as equipas a iniciar este processo de reflexão e escolha.