Ajudar as equipas a pensar sobre a forma como prestam cuidados, usando o Plano de Bem-estar em demência:
Aplicar a Abordagem centrada na pessoa com demência, nem sempre é fácil, sobretudo neste período em que vivemos, por isso, criámos o Plano de Bem-estar em demência para ajudar equipas de várias valências de prestação de cuidados a entender a importância de dar resposta às necessidades psicossociais das pessoas com demência, tal como foram descritas por Tom Kitwood.
Este instrumento, permite-nos, não só refletir sobre cada uma das pessoas a quem prestamos cuidados, sob o ponto de vista das necessidades psicossociais (a saber : conforto, ocupação, identidade, inclusão e vínculo), mas também, melhorar a comunicação entre os elementos da equipa promovendo crescimento em grupo.
Deixo-vos um exemplo retirado da última sessão que fiz com uma das equipas da Serviço de Apoio Domiciliário que acompanho:
Um senhor com diagnóstico de demência que é muito reativo ao toque e ao movimento. Diz muitas vezes ai, já tentou “bater”. A primeira reação da equipa é, de imediato, “responsabilizar” a demência pelos “ais”, mas, ao usar as pistas de reflexão que se encontram no Plano, abrimos novas possibilidades:
- Quem é o senhor de quem cuidam?
- O que fazia?
- Têm a certeza que a comunicação está a ser eficaz?
- Há ruído no quarto quando comunicam?
- Qual é o nome pelo qual o senhor gosta de ser tratado?
Colocámos tantas questões nesse dia e chegámos à conclusão de que ainda há tanto que não sabemos sobre o senhor e sobretudo, chegámos à conclusão que os “ais” são sinal de mal-estar e que “culpar” a demência é demasiado fácil e que não nos permite abrir e evoluir.
No fim de mais uma sessão, fica o compromisso de todos de tentar saber mais sobre aquele homem que mostra tanto desconforto durante a higiene.
E assim se vai aplicando a Abordagem Centrada na Pessoa com demência e assim se vai melhorando o bem-estar das pessoas com demência e dos seus parceiros de cuidados.
A Humanamente