Hoje é dia da mãe!

Quando a mãe vive com demência e os filhos são os seus parceiros de cuidados, eles tornam-se pais da mãe? ou mães da mãe?

Este artigo inspirou-se no novo episódio do podcast da Humanamente : “Burnout dos cuidadores e outras reflexões

Quando alguém assume o papel de parceiro de cuidados, a sua relação com a pessoa que agora vai ser cuidada, altera-se. Há novas exigências e desafios, a responsabilidade…também existem momentos de profunda solidão, de desamparo de dúvida, sobretudo quando a pessoa cuidada vive com demência.

A relação muda, mas não mudam as hierarquias, quem é filho, vai ser sempre filho , mesmo que agora preste cuidados à sua mãe.

Os seres humanos são interdependentes, ao longo da vida vamos cuidar e ser cuidados e isso não significa, sobretudo não pode significar, deixarmos de ser quem somos, dentro das diferentes relações onde vamos estando.

Porque é importante manter os papéis, sobretudo quando a situação que provoca a dependência, é a demência?

Uma mãe vai sempre ver a sua filha como filha ( mesmo que às vezes lhe chame mãe, por se sentir acolhida, cuidada, etc). Uma mãe, mesmo com demência, não aceita que uma filha lhe dê ordens, que imponha alguma rotina. Tentar inverter os papéis vai provocar conflitos e sofrimento. Se um filho “trata” a sua mãe como filha, vai comunicar com ela como se fosse uma criança, como se fosse alguém em quem podemos “mandar”.

A forma como nos conectamos e como comunicamos diz muito sobre a forma como vemos e sentimos a pessoa a quem estamos a prestar cuidados.

E, já que estamos a refletir sobre a relação de cuidar, vale a pena espreitar o” 5 pilares para uma relação de cuidar com bem-estar “!

A minha mãe, mesmo que precise dos meus cuidados, será sempre a minha mãe.

E isto faz toda a diferença para ela e para mim.

P.S – A foto que escolhi para este artigo é de uma formanda de uma ação de formação da Teepa Snow, sobre o modelo que desenvolveu : PAC – Abordagem Positiva na Demência. Lembrei-me da importância de termos os valores ” certos” mas também as competências para os pôr em prática.