Espaços exteriores das ERPI….servem para quê?

De visita a uma unidade privada para pessoas idosas e com patologias neurológicas, tive oportunidade de caminhar nos seus espaços exteriores.

Os jardins eram muito bonitos, têm uma excelente vista, árvores de fruto e arbustos, então qual é o problema deste fantástico jardim?

É um perigo e é impossível para qualquer residente utiliza-lo de forma autónoma.

Passo a explicar:

É um perigo porque tem descidas muito íngremes, caminhos estreitos e obstáculos, vários!

Não tem sombras, não tem bancos onde as pessoas se possam ir sentando à medida que passeiam.

No entanto, é um espaço exterior bonito! E que foi desenhado, não para ser usado pelos residentes, mas sim para ser visto pelas visitas. Em bom português, “é para inglês ver”.

O número de ERPI que escolhem ter salas de snoezelen em detrimento de investirem nos seus espaços exteriores, é assustador. É assustador considerar-se que manter pessoas fechadas dentro de 4 paredes 24 horas por dia, oferecendo-lhe uma ida semanal à sala multissensorial e uma sessão de “ginástica” matinal, no mesmo cadeirão onde passam o resto do dia, é terapêutico, em contraponto com ter a oportunidade de frequentar os espaços exteriores.

Montamos salas de Snoezelen e não melhoramos os acessos aos espaços exteriores? O Snoezelen tem benefícios, sem dúvida! Mas como é possível que seja, sequer, comparado com os benefícios de poder sair de casa diariamente, de poder estar na Natureza ?

No título pergunto para quem são os jardins das ERPIS? Deviam ser para quem lá vive, infelizmente não são!

Não podemos falar de bem-estar, de saúde mental e física de locais onde, quem lá vive, não tem oportunidade de sair e de sentir o sol na cara, o vento no cabelo ou de ver um pássaro, sempre que quiser.

Se acha que não se pode ir “só” ao jardim, deixo-vos os aquapaints, que são excelente para usar em qualquer parte, porque apenas precisa de água!

 

A Humanamente