Dicas para o Natal

6 dicas para o Natal decorrer de uma forma mais calma e com menos ansiedade quando se cuida de uma pessoa que vive com demência 

Estratégias para criar bem estar, significado e propósito para si e para a pessoa de quem cuida.

Cuida de uma pessoa que vive com demência? Já pensou como será o Natal, como o stress e a mudança de rotinas vão afetá-los aos dois? Muitas pessoas consideram a época festiva uma das mais cansativas de todo o ano.

Entre reuniões familiares, cozinhar e fazer compras, até pessoas que vivem com um cérebro saudável podem sentir-se esgotadas. Mas para uma pessoa que vive com alterações no cérebro, as mudanças na sua rotina podem ser devastadoras também. Assim, o que é que pode fazer para que os dois tenham uma melhor experiência nesta época?

Abaixo 6 dicas para o natal que pode experimentar:

  1. Menos, simples e curto

Para ajudar a reduzir o stress, pode querer considerar simplificar os festejos, quais os rituais/hábitos que  pode prescindir ou minimizar para  que ainda tenha alegria sem o stress adicional?

Consegue identificar o essencial e eliminar o acessório? Simplificando ou retirando as coisas que requerem muito trabalho mesmo se forem tradições antigas, está a reduzir o seu nível de stress. 

E encurtando ou não fazendo algumas destas coisas ganha tempo adicional para criar ou focar-se nas interações ou memórias  que lhe dão mais prazer. Como? leia o ponto seguinte.

 

  1. Use capacidades remanescentes

Quando uma pessoa vive com demência, as alterações no cérebro influenciam as capacidades das pessoas, contudo, é importante perceber que isto é gradual e não acontece de noite para o dia sem estar associado a outros problemas de saúde.

O que isto quer dizer para si efetivamente, é que há oportunidades para envolver a pessoa que vive com demência utilizando as capacidades que ainda tem.

Durante a época natalícia pode proporcionar momentos de alegria e bem estar, usando fotografias ou outras imagens para falar de histórias, memórias ou da época em si.

Como exemplo, pode mostrar um álbum de fotos antigo e dizer algo como “ mãe, olha o que encontrei, algumas fotos da tua infância. Esta criança é a tua irmã Maria ou outra pessoa?”

Se não tem à mão fotos, pode usar objetos ou “googlar” uma imagem de um sítio que a pessoa associe a boas memórias  para ajudar a iniciar uma conversa.

Também pode pôr a tocar algumas canções que a pessoa goste, ou criar uma lista de músicas antecipadamente (se não tiver a certeza, pode pedir ajuda a alguém?)

 

  1. Esteja preparado para ouvir a mesma história muitas vezes

Já ouviu do seu familiar a mesma história muitas vezes? É muito provável que  tenha respondido sim muitas vezes. percebemos que pode ser cansativo ouvir a mesma história vezes sem conta.

Mesmo assim,  sabia que lembrar-se de coisas antigas (reminiscência) e contar histórias assim é realmente bom para a pessoa que vive com demência? Quando se lembram de coisas antigas, estimulam as células do cérebro e ajudam-nas a estarem vivas e a funcionar melhor, por mais tempo.

À medida que a doença progride a pessoa irá perder a capacidade de contar estas histórias, contudo conhecendo essas histórias vai ter a oportunidade de se manter ligado à pessoa enquanto o tempo passa e a doença progredir.

Então, ouvir as histórias vezes sem conta é uma oportunidade para se ligar com a pessoa e aprender acerca da pessoa e assim vai poder continuar a partilhar com ela estas memórias mesmo quando já não as for capaz de as narrar.

dica: se a pessoa que cuida perguntar se já contou esta história, fica-se com a hipótese de responder sim ou não, a primeira hipótese  pode desencorajar a pessoa de voltar a contar e a segunda pode ser mentira. Em vez de responder sim ou não tente responder com “ fala-me mais sobre  isso”, usando esta frase não desencoraja mas também não mente ( se tiver disponível para ouvir a história uma vez mais).

  1. Evite corrigir diretamente

Gosta de ser interrompido com frases do género “não foi assim que aconteceu, ou não foi nada disso que foi dito? Isso faz com que se sinta bem? Se é como a maioria das pessoas, correções como estas não o deixam sentir-se bem consigo próprio, ou até podem provocar reações defensivas ou agressivas.

Sim, talvez a história não seja bem assim, e sim talvez a memória que a pessoa tem de uma conversa não é exatamente aquela, mas se não prejudicar ninguém é realmente importante? e corrigir a pessoa correndo o risco de a fazer sentir mal e prejudicar a vossa relação, será melhor?

Note que quando a pessoa vive com demência, o seu cérebro está a mudar estrutural e químicamente. O cérebro pode não ser capaz de lembrar uma memória corretamente e em vez disso preenche as lacunas com informação que pode não ser muito certa. Isto de facto quer dizer que para a pessoa, esta falsa memória é sentida como verdadeira. A pessoa que vive com demência não lhe está a mentir a si, o cérebro dela é que lhes mente.

Assim se a pessoa que vive com demência diz algo incorreto, podemos não ligar e  tentar ir com a maré.

Em alternativa , podemos gentilmente guiar a interação oferecendo duas hipótese de escolha (quer isto ou aquilo, ou isto ou outra coisa?)

como exemplo  pode dizer à sua mãe: “Mãe, o teu primeiro carro foi azul ou verde?(isto ou aquilo) ou Mãe o teu primeiro carro era azul ou outra cor?( isto ou outra coisa)  Usando este tipo de comunicação está a oferecer suporte ao seu familiar no decorrer de uma conversa e ainda está a reduzir a hipótese de haver mal entendidos

 

  1. Aceite comentários generalizados

 À medida que uma pessoa vive com demência, a sua comunicação fica cada vez mais vaga. Para si como parceiro de cuidados é importante que se lembre que eles estão a fazer o melhor que podem com as capacidades que têm.

Em vez de apelar a coisas específicas, aceite que um comentário geral já é bom. Se precisar de informação mais detalhada evite questões abertas como “ quais são as decorações que queres na árvore este ano mãe?

Em vez disso, tente usar a técnica isto ou aquilo ou isto ou outra coisa discutidas no ponto 4.

Nesta situação poderá dizer algo como:” Mãe, preferes que use as decorações brancas ou coloridas? ou “olha Mãe, queres o presépio na mesa ou noutro sítio qualquer? Deste modo está a juntar a informação que necessita enquanto proporciona à pessoa escolhas mostrando que a sua opinião é importante.

Para ajudar ainda mais, considere dar uma pista visual mostrando as luzes em causa enquanto fala delas.

 

  1. Dê oportunidade  para a pessoa se ausentar se necessário 

Quando uma pessoa vive com demência, os afazeres das celebrações de Natal podem ser hiper estimulantes. Se tiver outras pessoas da família ou amigos que venham comemorar convosco, considere deixar a pessoa que vive com demência sentar-se numa ponta da mesa em vez de ser no centro. Assim a pessoa pode ter só uma pessoa para falar e um tempo de menor estimulação, dando assim espaço para se ausentar se necessitar.

Veja também na sua casa que espaço pode ser sossegado para passar um tempo mais relaxado e recarregar energias.

 

Conclusão das Dicas para o Natal

Trouxemos estas 6 dicas para o Natal na esperança de o ajudarmos a adaptar e adaptar-se a uma nova realidade:

As festas podem ser muito estressantes  até para quem não vive com demência, se no entanto a pessoa de quem cuida vive com demência, algumas alterações às tarefas podem ser benéficas para os dois.

Veja quais as tarefas que pode simplificar e procure atividades com as quais a pessoa que vive com demência pode ajudar com prazer, usando as capacidades que lhe restam.

Abrace a ideia que vai ouvir a mesma história muitas vezes e tente tirar algo positivo como uma oportunidade de aprendizagem.

Tente resistir à tentação de corrigir diretamente a pessoa e aceite os comentários que possa fazer, apesar de poderem ser comentários gerais ou pouco adequados, tente oferecer oportunidades de resposta que lhe tragam mais informações que possa vir a precisar.

É muito difícil livrarmo-nos dos velhos hábitos de Natal, simplificar as coisas e ser mais direto nas suas opções trará benefícios para toda a família e escolhendo as coisas que não quer fazer porque não são assim tão importantes está a permitir que haja mais tempo e mais oportunidades para fazer as coisas que são mesmo importantes criando momentos significativos com aqueles de quem mais gosta.

Texto original de Valerie Feurich

 

 

 

Texto traduzido por:

Tradução do artigo Dicas de Natal