Estarmos e sermos em escuta ativa
Cada nova pessoa que conheço e cada história de vida que partilham comigo é uma bênção e é absolutamente fascinante!
A riqueza, as aprendizagens, as palavras, as tradições e o seu sentir.
Quando ouvimos, de facto, a história de vida das pessoas mais velhas em geral e das pessoas que vivem com demência, em particular, ligamo-nos e compreendemos a partir da empatia e isso, é terapêutico.
Como podemos criar esses momentos de partilha?
Uma relação de confiança é um caminho que vai sendo percorrido, é uma construção. Não é de um dia para outro que a confiança se estabelece.
No último episódio do Podcast Humanamente convido ao exercício de escuta ativa, a proposta é que, de uma forma intencional, se observem enquanto escutam uma pessoa que vive com demência.
Muitas vezes ouvimos para responder, quando escutamos ativamente, ouvimos para compreender através da empatia.
Aproveite a última semana do mês dedicado às Pessoas que vivem com demência para ouvir uma história de vida , mas, sem julgamento, sem corrigir e sem interromper.
O ambiente:
Crie um ambiente propício para a conversa, sem ruído e com privacidade, reserve um tempo e tenha a certeza de que não vai ser interrompido. Desligue a TV e não olhe para o telemóvel, o contacto visual é muito importante, tal como a comunicação não verbal, como os gestos ou a mimica facial. Faça o exercício de estar completamente presente para aquela pessoa.
Se precisar de algo que ajude a desbloquear a conversa e as memórias, lembre-se do aquapaint que tem na gaveta que, como recurso criativo e projetivo que é, se torna um mediador fantástico da relação ( promove o bem-estar, relaxamento e expande a criatividade), quebra o gelo e permite iniciar conversas mais rapidamente.
No fim agradeça pela honra que recebeu. Sim, é uma honra sermos objeto de tanta confiança por parte de alguém que se encontra numa posição de fragilidade. É uma honra e sobretudo é algo que nos enriquece e acrescenta, sempre! Mas para isso, temos que viver este momento de partilha, sem estarmos “contaminados” com as técnicas, com estimulação cognitiva e com o cumprir dos objetivos.
Fazendo minhas as palavras de Tom Kitwood :
“Estar presente, implicar largar a obsessão com fazer, que muitas vezes arruína o ato de cuidar e é ter a capacidade de apenas estar.”
Sim para verdadeiramente escutarmos, temos que ter a disponibilidade para apenas estar.