“Prestaram um serviço profissional, mas humanizado.”

Ouvi esta frase há poucos dias. Já a ouvi muitas outras vezes,mas desta vez fiquei a pensar.

O que é prestar cuidados a alguém? O que é ser cuidador?

Em que fase do nosso desenvolvimento é que ser-se profissional,não implica,obrigatoriamente,tratar o outro de forma “humanizada”?

O que significa isto? Tratar de forma humanizada?

Em que fase do nosso desenvolvimento é que deixámos de prestar cuidados a seres humanos?Como seres humanos? De humanos para humanos? Para agora termos tanta necessidade de “humanizar cuidados”?

Algures no tempo a técnica desenvolveu-se e evoluiu na inversa proporção das competências pessoais e emocionais que fazem de nós pessoas.

E chegámos aqui: ” Prestaram um serviço profissional, mas humanizado”. Isto é, fizeram tudo tal como consta do manual e ainda trataram o cliente como gente!

Está mais do que na hora de sabermos integrar as técnicas na relação, mas, para que isso aconteça, temos que integrar ( também) que a prestação de cuidados é, antes de mais, uma relação interpessoal.

Prestar cuidados ( sobretudo os de longa duração) é um trabalho emocional, relacional, onde as técnicas estão presentes, claro, mas, que, se existirem a sós, a relação transforma-se numa sucessão de tarefas bem executadas, mas frias. Duras para quem as faz e para quem as recebe e o vazio e o mau-estar instalam-se, para ambos os lados.

Por outro lado quando as técnicas estão integradas no contexto relacional, a história de vida da pessoa cuidada é valorizada e integrada nos cuidados. A empatia desenvolve-se, e quem presta cuidados cresce e coloca-se ao serviço do outro.

Quando esta situação for a regra, o conceito de humanização dos cuidados, tornar-se-à obsoleto, porque nessa altura já ninguém terá dúvidas de que somos pessoas numa relação ( de cuidar) com outras pessoas.

 

A Humanamente