Atividades e pessoas que vivem com demência: Do oito ao oitenta…ao vazio
O envolvimento em atividades à medida que envelhecemos vai mudando, o tipo, a forma como nos envolvemos com o mundo também evolui.
Quando optamos por estar em espaços concebidos para as pessoas mais velhas é-nos retirada a possibilidade de escolher o que queremos e como queremos fazer, até a opção de estar em grupo ou sozinho nos é retirada…
As pessoas que vivem ou que frequentam espaços para pessoas mais velhas estão num estado (quase todas) que eu chamaria de pseudo-ocupação.
Aparentemente fazem coisas que os técnicos se esforçam por partilhar nas redes sociais, invariavelmente com um título pomposo:
” Treino da mente ou Atividades de estimulação cognitiva“, igualmente invariavelmente, o título está errado. Porquê?
Grande parte das atividades que as pessoas estão a fazer, não se inserem nas categorias “pomposas” onde tentam encaixá-las!
Pintar uma Mandala ou desenhá-la não é estimulação cognitiva.
No entanto chegamos a um ponto na área da prestação de cuidados a pessoas mais velhas em que “parece mal” se não fizermos nada que não seja ” estimulação cognitiva”!
Se não é para treinar alguma coisa, porque hei-de propor alguma atividade?
Se não estão todos ocupados, ou seja, entretidos, então algo se passa!
Por isso lhe chamo pseudo-ocupação, aparentemente estão a fazer alguma coisa….mas, onde está o envolvimento? Onde está o significado? Ninguém tem algum tipo de prazer ou bem-estar só por estar a fazer alguma coisa que uma menina simpática pediu e insistiu…..
Para que os espaços onde as pessoas mais velhas vivem, sejam lugares de vida, temos que lhes devolver o sentido, significado que irá ser diferente, de pessoa para pessoa, que não vai ser estratificado, nem passível de planear anualmente por um técnico dentro de um gabinete…..