Quando a pessoa diz que foi roubada. Que estratégias usar?

A pessoa sente-se roubada por alguma questão:

EX:

  • Quando ofereceu coisas a alguém, talvez algo não lhe tenha agradado ou talvez tenha acontecido alguma coisa que lhe lembre uma situação do passado.
  • Como é respeitada a privacidade na instituição?
    • Batem TODOS sempre à porta do quarto?
    • Pedem TODOS autorização para entrar?
    • Pedem TODOS autorização para mexer nas coisas pessoais?

 

Talvez nunca se consiga saber o que aconteceu que provoque este mal-estar:

O pensamento delirante “enquistou”, isto é, pode continuar a ter estes pensamentos para sempre e sempre que acontecer alguma coisa que os faça desencadear.

Algumas propostas:

  • Rever a sua rotina diária.
  • Tentar perceber que situações despoletam a angústia
  • Tentar compreender com que pessoas surgem mais momentos de angústia (não tem o objetivo de criticar essas pessoas – O senhor pode ter relações preferenciais com alguém e podemos aproveitar para refletir sobre a forma como comunicam e se relacionam com ele)
  • Encontrar (talvez na sua história de vida) alguma atividade que possa ser um fator para o relaxamento e que possa servir para prevenir as situações de angústia. Nesta situação (e em quase todas) a prevenção é a palavra-chave para o bem-estar, porque se a angústia se instala torna-se muito difícil conter ou acalmar, até porque estes delírios NUNCA cedem à argumentação lógica.
  • Consistência: Este é outro fator – chave para o sucesso desta estratégia, porque só com consistência conseguiremos criar uma nova rotina, um novo hábito:
    • Quando a equipa encontrar uma nova atividade que percebem que o relaxa e acalma, têm que a manter e realiza-la diariamente, sempre no mesmo horário, tendo muito atenção ao contexto onde é realizada (ex: sem interrupções) .
    • Criar uma rotina de bem-estar, mudar um padrão, transformá-lo num hábito, dura muito tempo até que seja integrado e para que isso seja atingido é importante que TODA a equipa esteja a par do que se passa e cumpra a nova rotina, para que esta fique, de facto, integrada no dia a dia do senhor.
  • A consistência refere-se também à forma como TODA a equipa reage aos momentos mais delirantes. Não é possível que cada um diga ou aja conforme acha melhor naquele momento.

Algumas sugestões para quando não conseguirem prevenir os momentos de maior angústia:

  • Responder ao que o senhor está a sentir e não ao que ele está a dizer:
    • Compreendo que se sente angustiado
    • Sente-se roubado
    • Compreendo e sinto a sua angústia, como posso ajudá-lo?
    • Já se sentiu assim roubado mais vezes na sua vida?
  • Ter elementos-chave na equipa que sintam que estão mais preparados para acompanhar o senhor nesses momentos. Não interessa o cargo, interessa a relação que têm com ele.

Não há receitas para estas questões, e existirão muitos momentos em que não conseguem acalmar o senhor. No entanto, só facto de validarem o que ele sente, de tentarem compreender e de tentar conhece-lo melhor, já vai, sem dúvida contribuir muito para o seu bem-estar e dignidade, para além disso, quando cuidamos assim, estamos também a refletir sobre nós e a permitirmo-nos a crescer.

Obrigada!

Patrícia Paquete